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Como os sprinklers podem evitar danos e salvar vidas

julho 3, 2019

Revista Incêndio
Novembro/2016
Como os sprinklers podem evitar danos e salvar vidas


Frequentemente são veiculadas notícias de incêndios em indústrias, museus e outras instalações, com enormes prejuízos ao patrimônio e, muitas vezes, com perdas humanas.

Imaginar que os transtornos poderiam ter sido evitados com o uso dos sprinklers torna as tragédias ainda mais dolorosas, como foi o caso do acidente da Boate Kiss, em Santa Maria, RS, que não contava com nenhum sistema de combate automático de proteção contra incêndio.

No Brasil, além da ausência de legislações que tornem mais rigorosas as obrigatoriedades
com relação à segurança, sprinklers “fora de norma”, sem certificação, estão invadindo o mercado. “A partir de 2008 houve um grande aumento na quantidade de bicos importados. Em 2013, foram importadas 1,5 milhão de unidades. Atualmente, cerca de 75% destes dispositivos não possuem certificação”, disse Felipe Melo, diretor Financeiro e Coordenador do Comitê Técnico da ABSPk – Associação Brasileira de Sprinklers – durante a segunda edição do Congresso Brasileiro de Sprinklers, evento realizado no final de outubro no Rio de Janeiro.

Um estudo realizado pela IFSA – International Fire Sprinkler Association, entidade com sede nos EUA, para avaliação de qualidade dos sprinklers no Brasil, mostrou uma taxa de falha de 47,5%, um índice altíssimo e que compromete a eficácia do sistema de incêndio. As falhas, quando admitidas, são limitadas a 1%. O estudo, feito recentemente em parceria com a ABSpk, analisou o desempenho de 486 sprinklers, todos sem certificação retirados de uma garagem em Jundiaí, SP, retirados de um edifício comercial localizado na região da Berrini, na Capital paulista. “Todos os produtos foram cuidadosamente retirados, embalados e enviados para o UL – Underwriters Laboratories e FM Approvals, nos EUA”, disse Nick Gross, conselheiro da IFSA.

O estudo foi baseado na verificação minuciosa de 36 itens, muitos dos quais imperceptíveis a olho nu. Um dos maiores problemas foi o uso dos anéis de borracha (o-ring) na vedação, apesar de terem sido banidos pela FM/UL desde 2003. Todos os sprinklers avaliados tinham o anel, material que pode se dissolver e grudar o obturador no corpo do sprinkler, entupindo a saída de água ou afetando a distribuição efetiva da água. “A água vai para todas as direções, mas não no foco do incêndio”, disse Gross.

Sem qualquer tipo de proteção, um incêndio ganha uma potência enorme, em pouco tempo, entre 1 e 4 minutos. Nesse caso, mesmo que o Corpo de Bombeiros chegue rápido, em 10 minutos, o fogo já estará descontrolável. Um sprinkler bem projetado e certificado tem uma eficácia de 95% na extinção de incêndios e pode atrasar a propagação em 15 a 20 minutos, tempo suficiente para que o bombeiro chegue e controle a situação. “Com isso, pode salvar vidas: o risco de mortes por incêndio é reduzido drasticamente, mesmo no ambiente onde o fogo teve início”, disse Gross.

“O usuário precisa ter a certeza de que o sprinkler irá funcionar quando for preciso, não importa se hoje ou daqui a 10 anos”, disse Felipe Decourt, vice-presidente da ABSpk. Da mesma forma, o chuveiro automático não pode funcionar antes da hora. Com um produto de qualidade, a probabilidade de disparo acidental é baixíssima, inferior a uma em 14 milhões.

Embora o país conte com uma norma brasileira de sprinklers, a NBR 16400/2015, além de entidades certificadoras com a ABNT Certifica e UL, e fornecedores de produtos, os sprinklers fora de norma estão ganhando espaço. “É difícil concorrer com produtos não certificados”, disse Decourt, que também é diretor da Skop, do Rio de Janeiro, fabricante nacional de sprinklers, todos certificados pela ABNT, FM e UL. Mas a busca pelo menor preço é o que tem dominado as compras no Brasil: enquanto o bico fora de norma custa R$ 5,00, o produto certificado chega a R$ 20,00. “Se compararmos com o investimento total de uma obra e o grau de segurança fornecido, o custo dos sprinklers é muito baixo. Mas se a opção recai sobre os produtos de má qualidade, o custo acaba sendo alto, pois ninguém sabe se o sprinkler funcionará quando for necessário. E o resultado pode ser uma grande tragédia”, disse Decourt. Além das campanhas de conscientização, divulgação de melhores práticas, capacitação de profissionais e desenvolvimento do setor, realizadas por entidades como a ABSPk, IFSA e ISB – Instituto Sprinkler Brasil, os avanços estão ocorrendo em outras inciativas. “Estamos trabalhando na elaboração de uma lei nacional que oriente e defina o padrão de comportamento na prevenção dos incêndios”, disse o Deputado Federal Vicentinho, que preside a Frente Parlamentar de Segurança contra Incêndio, composta de deputados federais e senadores.
Hoje não há leis que obrigam ao uso do dispositivo. Apenas em São Paulo há um decreto que obriga a adoção dos chuveiros em edifícios com mais de 30 metros de altura, diferente dos países desenvolvidos, onde a exigência vale para todas as edificações com maior circulação de pessoas.

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