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A importância da inspeção, testes e manutenção de um sistema de sprinklers

maio 4, 2021

Lançamento do manual de ITM – ABSpk

Para o perfeito entendimento da necessidade de um manual de inspeção teste e manutenção de um sistema de sprinklers, passamos pela definição do que é um sprinkler. De acordo com a NBR 10897/2014, temos que o chuveiro automático é um “dispositivo para extinção ou controle de incêndios que funciona automaticamente quando seu elemento termossensível é aquecido à sua temperatura de operação ou acima dela, permitindo que a água seja descarregada sobre uma área específica”.

E um sistema de sprinklers, qual a melhor definição? A mesma ABNT NBR 10897/2014 define: “sistema integrado de tubulações aéreas e subterrâneas alimentado por uma ou mais fontes de abastecimento automático de água para fins de proteção contra incêndio. A parte do sistema de chuveiros automáticos acima do piso consiste em uma rede de tubulações dimensionada por tabelas ou por cálculo hidráulico, instalada em edifícios, estruturas ou áreas, normalmente junto ao teto, à qual são conectados chuveiros automáticos segundo um padrão regular, alimentado por uma tubulação que abastece o sistema, provida de uma válvula de controle e dispositivo de alarme. O sistema é ativado pelo calor do fogo e descarrega água sobre a área de incêndio”.

Todo sistema de sprinkler no Brasil possui um conjunto de bombas e uma reserva de água que fornece vazão e pressão para o correto funcionamento dos dispositivos. As bombas, analogamente ao corpo humano, seriam o coração do sistema e o reservatório, o pulmão. Sem o bom funcionamento destes órgãos, as pessoas morrem. Em um sistema de sprinklers não é diferente: sem bomba ou sem água, fatalmente um incêndio terá proporções drásticas.

Sendo um dispositivo de extinção ou controle de chamas, ele deve funcionar imediatamente após o início de um incêndio, pois sabemos que o “flash over” ocorre em menos de 3 minutos. Assim, neste curto tempo, o fogo toma grandes proporções e se perde o controle. Três minutos não são suficientes para que a brigada de incêndio do empreendimento possa se organizar para o início do combate ou, até mesmo, o corpo de bombeiros possa chegar ao local.

De acordo com estudos realizados pela NFPA – National Fire Protection Association, cerca de 80% das falhas em sistemas de sprinklers instalados se devem à falta de inspeção e testes.

Diante disso, conseguimos entender a necessidade de se ter um sistema de sprinklers bem mantido e a grande importância de inspeção, teste e manutenção para o sistema. As verificações devem ocorrer desde o reservatório, passando pelas bombas e casa de bombas, verificação das válvulas, estado de conservação de sprinklers e tubulação e, finalmente, os impactos da falta de energia.

Quando ocorre um incêndio, além das possíveis perdas humanas, temos perdas patrimoniais e parada de funcionamento do empreendimento, o que leva as pessoas a perderem empregos e falta de produção de equipamentos, muitas vezes essenciais à vida. Em outras palavras, uma destruição geral em cadeia. Sabemos que tudo isso pode ser evitado, com um mínimo de procedimentos para se ter um sistema de sprinklers funcionando adequadamente em caso de sinistro. E como fazer isso?

A ABSPK, ao longo do ano de 2018, desenvolveu durante 6 meses, um projeto de inspeção, teste e manutenção em 10 grandes empreendimentos em São Paulo. Eram 5 edifícios comerciais e 5 galpões logísticos. O resultado do projeto foi extremamente insatisfatório. Percebeu-se uma grande necessidade de se criar uma rotina de inspeção teste e manutenção, pois o despreparo das pessoas responsáveis pela manutenção do sistema era enorme.

Assim nasceu o Manual de Inspeção, teste e manutenção, lançado em rede nacional no dia 8 de maio deste ano, com o intuito de distribui-lo para diversos setores empresariais, para que o empreendimento possa estar minimamente seguro. O manual foi baseado na N.F.P.A 25 e anexos da IT-23.

A NFPA 25 (Standard for the Inspection, Testing and Maintenance of Water-based Fire Protection Systems) é a base para a norma nacional (ABNT NBR) em desenvolvimento, que traz inúmeros procedimentos a sererm avaliados para cada tipo de instalação e usados para a construção de um procedimento padrão adequado para as características do sistema.

O objetivo principal deste manual é informar aos interessados e responsáveis (proprietários, administradores e inquilinos) quais são as medidas mínimas de ITM de um sistema de sprinklers, para que, em caso de incêndio, o sistema funcione adequadamente.

De linguagem fácil, propositalmente feito para pessoas sem conhecimento técnico em sistemas de sprinklers, o conteúdo do manual é composto de 7 itens essenciais para o bom funcionamento do sistema, são eles:

1 – Procedimentos de inspeção, com destaque a 3 programas:

  1. – Programa de inspeção, teste e manutenção:

Saber se existe um programa de inspeção, teste e manutenção do sistema de sprinklers. Como é feito? Existe relatório padrão de anotações das irregularidades? Como são arquivados os relatórios? Os responsáveis são informados de que forma sobre as irregularidades? 

3 – Programa de etiquetagem para identificação:

Toda parada do sistema, seja ela programada ou emergencial, deve ser devidamente identificada e os responsáveis do sistema precisam ter conhecimento do ocorrido. 

Uma das maneiras que exemplificamos no manual é a etiquetagem das válvulas que foram fechadas para reparo do sistema. Após o reparo, elas devem voltar à posição prevista em projeto e a etiqueta ser retirada

3 – Programa de gestão de mudanças:

Toda mudança de “lay out” implica diretamente na distribuição de sprinklers. Assim deve-se criar um procedimento para que todas as alterações necessárias sejam feitas no sistema de sprinklers. No manual, cada um dos programas é explicado detalhadamente.

2 – Reservatório do sistema de incêndio: Neste item, são informados todos os cuidados e verificações necessárias.

Por analogia, considera-se o reservatório de incêndio como o pulmão do ser humano. Sem respirar, a pessoa morre. Sem água, o sprinkler não pode funcionar.

3 – Bombas de incêndio: aqui a analogia é feita  ao coração humano. As bombas são a parte principal de um sistema de sprinklers. Sem elas, nada pode funcionar.

Como temos bombas elétrica e a diesel, destacam-se os cuidados necessários com cada uma delas, além da periodicidade de seu acionamento. Também neste item são destacados os cuidados do espaço onde as bombas estão instaladas – a casa de bombas. Quem deve ter acesso, como é o acesso, etc. 

Em muitas situações nos deparamos com empreendimentos com 2 bombas principais, sem ser uma exigência legal. Quando questionamos a respeito do porquê das 2 bombas, normalmente a resposta é a redundância do sistema: se uma bomba não entrar, temos a outra. O pensamento completamente errôneo, pois o importante é que a bomba esteja bem mantida. Quem garante que, se são instaladas 2 bombas, ambas estão bem mantidas?

Vale lembrar que durante as inspeções de 2018 observou-se mais de um empreendimento com a bomba inoperante e isso perdurou pelos 6 meses de inspeção. Não se ter um sistema de sprinklers talvez seja mais “adequado” do que se ter a falsa sensação de segurança, que é o caso de um sistema inoperante, sem o conhecimento dos responsáveis.

O Memorial da América Latina, quando pegou fogo, tinha sprinklers. O incêndio tomou grandes proporções devido ao fato de a bomba não ter entrado. Um caso de má manutenção do sistema.

4 – Sinalizações e alarmes

Este item trata das sinalizações e alarmes específicos dos painéis das bombas. Por norma, temos uma série de sinais obrigatórios no painel, como bomba em funcionamento ou desligada, bomba em modo manual, falhas no sistema, falta de fase na bomba elétrica e falha de baterias na bomba diesel, etc.

Estes sinais nos painéis não foram encontrados na maioria dos painéis que vistoriamos no projeto de 2018.

5 – Válvulas.

Uma única válvula fechada pode deixar todo sistema inoperante e por isso é importantíssimo se fazer a inspeção semanal de todas as válvulas do empreendimento e se adotar o programa de etiquetagem nas mesmas, quando em manutenção.

6 – Condições gerais de sprinklers e tubulação.

O manual sugere inspeções mensais nos sprinklers e tubulação da rede de sprinklers para verificarmos o estado deles.

Um item muito importante e que nenhum dos empreendimentos vistoriados possuía era a caixa de sprinklers sobressalentes. Por norma, devem haver sprinklers sobressalentes em determinadas quantidades e tipos, função do total de sprinklers instalados.

7 – Impactos da falta de energia.

Citamos aqui a necessidade da bomba elétrica estar ligada antes da entrada geral de energia ou estar ligada ao gerador. Além disso, o empreendimento deve garantir a evacuação segura dos ocupantes da edificação.

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